12 de março de 2011

Maquinaveloz

Oh quão louca é a maquina do pensar!
Que funciona sozinha e sem cessar.

Que sem guia fica por ai nas esquinas,
Andando sozinha por ruas sombrias,
Buscando alguém pra conversar.
Alguém pra ouvir o que tem pra falar.
Um lugar pra dormir, mais se sono pudesse sentir,
Já haveria adormecido pra não mais acordar.


Pois pesado é o fardo do pensar.
E caro é o preço do saber.
Enfada a rotina de buscar, buscar e buscar.
E de fato nunca achar algo em que se possa dizer:
_Eis que acabo de encontrar e já me basta esse viver!

Pois não me acaba a sede.
E nem tão pouco a bebida.
Pois não me agrada a morte.
Nem tão pouco a própria vida.

E não se esgota o que pensar.
Nem me cansa o conhecer.
O que me cansa e não cansar.
O que me mata é não morrer.

Oh quão louca é a maquina do pensar!
Que funciona sozinha e sem cessar.

Se eu ainda fumasse.
Teria-me acabado os cigarros.
Pois o café já me acabou.
E nem ao menos começou.
O meu pensar desenfreado.

Se em claro eu escrevo.
E dormindo ainda sonho.
E calado ainda ouço.
Quando é que eu descanso?

Se nem mesmo um segundo.
Eu consigo me ver “branco”
E o branco ainda é muito.
E sobre ele ainda há tanto.

Não me acabam as palavras.
Mais a tinta da caneta.
E essa fome que não some.
E o mal que me alimenta.
                             Diego Ap. Vítor

2 comentários:

  1. Me reconheci neste trecho:
    "Não me acabam as palavras.
    Mais a tinta da caneta.
    "

    Belíssimo começo Diego :)

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  2. Me identifico com o texto!
    ''Pois não me acaba a sede.
    E nem tão pouco a bebida.
    Pois não me agrada a morte.
    Nem tão pouco a própria vida.''

    ótima construção :)

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