14 de março de 2011

A criação geme...

E a perturbação de existir é como uma morte lenta e consciente.    
                          
Salomão disse: “Por isso eu louvei os que já morreram mais do que os que ainda vivem...e melhor que uns e outros é aquele que ainda não é...”
E que venham as desilusões, a loucura, o choro, a sufocante necessidade de se respirar.Até que a morte encerre o inestimável e insuportável hábito de se acordar vivo.
A insaciável fome que nunca acaba, porque o gosto já não me interessa se de tudo que me desse pela garganta nada me resta. Tanto o doce quanto o amargo deixam de existir, e me volta a fome que nunca cessa.
Pude entender que sensação de quase morte nada mais é do que estar vivo.  Pois é tão fácil deixar de ser. De maneira que estamos sempre a um passo de morrer. E isso me trouxe alívio.    
Os arranha-céus estão a léguas da estrelas, e o que corre nem por isso chega. Porque assim como a boca não se farta, o andar não se acaba, e o que vale então correr? Se a morte interrompe a aminhada pro nada? 
“Doce e belo sonhar, que de sonhar não passa...”. Outro dia me disse um chegado. 
E certo é que os sonhos são devaneios ainda maiores do que a “tão convincente ilusão” que é tocável. A tão convincente ilusão que é enxergar e ainda sim não ver, que tudo não passa correr atrás do vento.
                                                                                Diego Ap. Vítor - 31/12/10 - 00:51

2 comentários:

  1. Concordo com toda a primeira parte :)
    e gostei muito de todo o texto!
    Adoro essa questão do quase morrer é estar vivo, esse paradoxo é muito interessante...

    beijos!

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