5 de fevereiro de 2012

Amortite

Dói. Às vezes, dói muito, incomoda, se torna desconfortável.
Quando dá no coração, ele incha, pulsa, pulsa, pulsa bem mais rápido, inflama.
Remédio que cure? O tempo. Ou talvez nem o tempo.
E há quem goste de saber que tem amortite, que está sentindo dor de amor. É uma dorzinha que às vezes faz bem à vida, dá ritmo e motivo.
Por outro lado, amortite causa cegueira, dor de cotovelo, sonhos e paixões impossíveis. Causa esperança.
Olhinhos brilhantes procurando o nada e sorrisos repentinos no canto da boca são os sintomas.
Muita gente prefere não assumir que está com amortite, pois têm medo da cura que, em alguns casos, deixa cicatrizes, marcas desastrosas na mente. Mas se amortite é dor, muitos concordam que existe um pouco de prazer....Ah, admitamos isto: quando a gente sabe que está com amortite, o que a gente menos quer é um remédio.

10 de janeiro de 2012

Sem título

Um título pra quê?
Pra que um título se eu não o tenho?
Nem penso em ter, é inútil
É inútil pra este documento

Documento por quê?
Por que documento?
Se não diz nada importante
Nem tem assunto de cartório

Pra quê cartório?
Pra oficializar o que?
Se está tudo destrambelhado, desorganizado
Quem é que vai querer ler?

E pra que ler?
Ler só por ler?
Porque só ler sem sentir é não ler
Sem sentir não se pode compreender

Mas compreender o que?
Por que compreender?
Não tem rubrica famosa, de estrela da moda
E ninguém mostrou na tevê

Por que tevê?
Só serve tevê?
Se você ler, pode até entender
Que está desorganizado, não tem rubrica famosa, não diz nada importante, é inútil, não passou na tevê.
Mas se ler, vai entender, vai compreender e vai sentir o que está além disso. Com isso, mais se lê.

2 de novembro de 2011

Caneta e papel

Solto palavras soltas
Solto
Pego caneta e começo
Solto
De leve, deslizando pelas linhas
Solto
Rabiscando meus sentimentos,
Letra por letra
Solto
A caneta e olho
As imagens soltas na minha memória
Solto
Recomeço a rabiscar, e desenho
Solto tinta, formo palavras, frases bonitas
E solto, vou recompondo meu versos
Solto um por instantes
Mas um sem o outro não vive
Solto, pego a caneta e o papel
E volto a soltar as palavras

6 de setembro de 2011

Uma Maria desmiolada.

Lá vai ela, correndo.
Braços abertos ao desconhecido.
Futuro incerto e desinibido.
Fantasioso até.
Lá vai ela de novo.
Largando escudos e descontentamento.
Sem medo de arrebentar o coração.
Já faz tempo,
deu adeus ao sofrimento.
Lá vai ela, feroz.
Decidida a fazer da vida.
O que melhor possa ser.

19 de agosto de 2011

Inspiração

Inspiração para eu ganhar dinheiro
Para mudar o mundo inteiro
Para botar tempero na nossa paixão

Inspiração para dormir e sonhar
Para cair e levantar
Para acordar e tentar não mais viver em vão

Inspiração pra nos teus olhos olhar
Para no teu rosto tocar
E fazer uma canção

Inspiração para sentir no ar
Para seu cheiro guardar
No meu coração

Inspiração para misturar palavras carinhosas
E te dar num poema amassado
Junto ao meu coração

4 de julho de 2011

Um dia

Um dia a gente nasce
A gente chora, abre o olho,
Cresce e vive a vida

Um dia a gente ama,
Sofre, apanha
Dá a volta por cima

Um dia a gente se empolga,
Exagera, canta e grita,
Um dia a gente briga

Um dia a gente sonha,
Fica cheio de esperança
E, de repente, dança

Um dia a gente para,
Pensa e se dá conta
Que cada dia é um dia
E um dia pode ser tudo na vida.

11 de junho de 2011

Às moscas.

Somewhere far away she lost her soul to a heartless boy.

Está tudo às moscas.
A vida acompanhada, abandonada.
Os amigos, as palavras.
Paradas.
Tristeza veio fazer festa
e eu sou convidada vip.

30 de abril de 2011

Olhos vermelhos



Seus olhos eram misteriosos
Porém essa palavra é muito simples
Não foi possível criar um rótulo
Mas pude ver sua alma

Era um olhar assassino
Era um olhar perdido
Era um olhar sem ódio
Era um olhar de dúvida

Por um instante tive a impressão de que seus olhos eram vermelhos
assim como seus cabelos ruivos
O olhar não se desviou, mesmo depois do meu.

Eram olhos sensíveis
Eram olhos machucados
Eram olhos de raiva
Eram olhos que queriam me conhecer

Meus olhos ainda me pedem, ainda me imploram
Para encontrar aqueles olhos.
Meu olhar pede, para conhecer seu olhar.

28 de abril de 2011

Tão rápidos e rasteiros...

Estive pensando sobre como somos rápidos por este mundo...

Não que oitenta ou noventa anos seja pouco.
Mas fiquei pensando em como esta "vida" é perigosa de se viver; 
Em como basta apenas estar vivo para se morrer! 
Como é tudo muito impossível de se prever. 
Você pode atravessar a rua e pronto, fim... Acaba tudo; 
E toda essa violência heim? 
Todos tão donos de si e do direito de tirar e maltratar vidas;
Nem escondem mais o rosto.
Hoje essa violência tem nome, sobrenome... 
E perfil no orkut!
Não importa mais onde.
Na rua, na chuva, na fazenda;
Até onde antes só se estudava; 
Onde a morte era lenda.
Tudo é tão rápido e rasteiro.
Quanto desespero;
Estive pensando...


De mãos dadas;

Se vamos continuar... Por que não dar as mãos?
Por que não?
Se não vamos, por que não dar as mãos?
Quem sabe ainda vamos.