28 de março de 2011

Ela me disse

♫♪... Ela me disse que trabalha no correio. E que namora um menino despachante! ♫♪
(Se eu fosse o Renato).

19 de março de 2011

Censura

Censure a arte
Censure e mate
Censure em Marte a vida
Há vida? Censure!
Censure o amor escrito,
Cantado e falado
Censure o amor pintado em quadros
Tire a liberdade da praça
Censure toda a massa que quer se expressar
Censure também o desejo
Crie um movimento puritano
Censure a parte que todos adoram
A felicidade tem que brilhar, mas implicitamente
Oprima, reprima, repreenda,
Mas não esqueça de censurar a entrada da morte no mundo

14 de março de 2011

A criação geme...

E a perturbação de existir é como uma morte lenta e consciente.    
                          
Salomão disse: “Por isso eu louvei os que já morreram mais do que os que ainda vivem...e melhor que uns e outros é aquele que ainda não é...”
E que venham as desilusões, a loucura, o choro, a sufocante necessidade de se respirar.Até que a morte encerre o inestimável e insuportável hábito de se acordar vivo.
A insaciável fome que nunca acaba, porque o gosto já não me interessa se de tudo que me desse pela garganta nada me resta. Tanto o doce quanto o amargo deixam de existir, e me volta a fome que nunca cessa.
Pude entender que sensação de quase morte nada mais é do que estar vivo.  Pois é tão fácil deixar de ser. De maneira que estamos sempre a um passo de morrer. E isso me trouxe alívio.    
Os arranha-céus estão a léguas da estrelas, e o que corre nem por isso chega. Porque assim como a boca não se farta, o andar não se acaba, e o que vale então correr? Se a morte interrompe a aminhada pro nada? 
“Doce e belo sonhar, que de sonhar não passa...”. Outro dia me disse um chegado. 
E certo é que os sonhos são devaneios ainda maiores do que a “tão convincente ilusão” que é tocável. A tão convincente ilusão que é enxergar e ainda sim não ver, que tudo não passa correr atrás do vento.
                                                                                Diego Ap. Vítor - 31/12/10 - 00:51

Última dose

                   

E eu era agora aquele copo em que bebera a noite inteira.
Transbordando a bebida amarga que escoou da garrafa.
E no delírio fermentado do diabo engarrafado, ouvi o copo amassado a me dizer:
_Vazio, jogado, descartável, agora sou que nem você.
E o que fazer se dele ouvi a verdade de fato?
Pois um copo sóbrio é mais sábio que um homem embriagado.
Pois nele já não há álcool pra que eu diga aos meus ouvidos:
_ Não os ouça, ele está embriagado!
Ou
_O que vale um copo pra fazer de mim tanto descaso?
Sei que o copo é reciclado.
Eu, porém. Torno a ser vazio.
De novo.
                Diego Ap. Vítor

Sem mais palavras



Quem me dera essa merda fosse como um filme mudo.
Um roteiro sem texto e sem razão pra palavras.
Onde ninguem diz nada e fica tudo por isso mesmo.
Sem palavras, sem erros.
O contexto perfeito.

Oxalá me hovesse na fronte um plug USB.
Por onde qualquer otário, sem muito trabalho,
pudesse baixar o que eu tenho a dizer.
E me fosse tirado esse fardo.
Enfadonho ato de escrever.

Onde alguem pudesse entender
sem ter que ler palavra alguma.
O que mesmo usando muitas
tendo tentado, e confesso
sem muito sucesso.
      
                        Diego Ap. Vítor

12 de março de 2011

Maquinaveloz

Oh quão louca é a maquina do pensar!
Que funciona sozinha e sem cessar.

Que sem guia fica por ai nas esquinas,
Andando sozinha por ruas sombrias,
Buscando alguém pra conversar.
Alguém pra ouvir o que tem pra falar.
Um lugar pra dormir, mais se sono pudesse sentir,
Já haveria adormecido pra não mais acordar.


Pois pesado é o fardo do pensar.
E caro é o preço do saber.
Enfada a rotina de buscar, buscar e buscar.
E de fato nunca achar algo em que se possa dizer:
_Eis que acabo de encontrar e já me basta esse viver!

Pois não me acaba a sede.
E nem tão pouco a bebida.
Pois não me agrada a morte.
Nem tão pouco a própria vida.

E não se esgota o que pensar.
Nem me cansa o conhecer.
O que me cansa e não cansar.
O que me mata é não morrer.

Oh quão louca é a maquina do pensar!
Que funciona sozinha e sem cessar.

Se eu ainda fumasse.
Teria-me acabado os cigarros.
Pois o café já me acabou.
E nem ao menos começou.
O meu pensar desenfreado.

Se em claro eu escrevo.
E dormindo ainda sonho.
E calado ainda ouço.
Quando é que eu descanso?

Se nem mesmo um segundo.
Eu consigo me ver “branco”
E o branco ainda é muito.
E sobre ele ainda há tanto.

Não me acabam as palavras.
Mais a tinta da caneta.
E essa fome que não some.
E o mal que me alimenta.
                             Diego Ap. Vítor

Rabiscos à meia luz.

11/03/2011 - 23:34

Não és minha raposa. De fato sou eu a raposa, esperando e pedindo-lhe que me catives. Para que me sejas único e para que seja eu singular aos olhos seus.

---x

Se lês o mesmo livro duas vezes, com um intervalo de 10 anos, decerto não o vês com os mesmos olhos. Não o leias com olhos de pessoas grandes, leve sempre contigo a inocência daqueles que diferem simples chapéus de magníficas jibóias, digerindo elefantes.
Boa noite guizos celestes.